A freguesia do Lindoso do concelho de Ponte da Barca é a chamada capital da Serra Amarela. Figura no nosso imaginário pelo seu Castelo e pelo bonito conjunto de espigueiros. O Castelo, edificado na Idade Média em posição cimeira, domina a estrada para a fronteira ali perto e também o curso do Rio Lima, hoje interrompido pela Barragem do Lindoso e sua extensa albufeira transfronteiriça. O conjunto de espigueiros, castelos para guarda dos cereais produzidos, são especiais pelo seu elevado número e o facto de as cruzes que os encimam e que reclamam a protecção divina para o tesouro de pão que encerram, serem todas diferentes referenciando os seus donos.
Com um dia de sol embora um pouco frio, iniciamos o percurso mesmo em frente da Igreja do Lindoso dedicada a S. Mamede.
À medida que subindo nos afastávamos da aldeia, o Castelo impunha-se na paisagem e a albufeira ia aparecendo com a névoa da manhã a dar-lhe um ar de sonho e mistério.
Caminho fácil com imagens inesquecíveis dos recortes da albufeira.
O percurso passa depois por um montado de algum porte. Sobreiros plantados há muitos anos para complementarem com a venda da cortiça, os parcos rendimentos que a agricultura e a pastorícia dão nestes locais.
O percurso segue então paralelo ao Rio Cabril até à primeira ponte que o atravessa a montante da sua foz no Rio Lima. Atravessamos a ponte e caminhamos um pouco na margem direita deste para apreciarmos uma mata de medronho e uma floresta de bétulas cheias de líquenes. Muito bonito, mas o nosso caminho não era por ali. Voltamos atrás, à ponte e ao nosso percurso, continuando a seguir o Rio Cabril até este encontrar a Ribeira de Maceira.
Nova ponte e a imagem imponente da Torre Grande, enorme massa granítica que se eleva e destaca.
A partir daqui, digamos que ficamos por nossa conta. O caminho que antes fora fácil e bem definido, depois da ponte desapareceu! Nem o trilho de GPS que levávamos parecia que nos conseguia ajudar. Não somos de desistir à primeira ( nem à segunda com muitas voltas) e aí está, à terceira foi de vez, encontramos o trilho onde ele sempre esteve, sem culpa da urze e da carqueja que lhe cobriram os contornos e da falta de pés que, calcando-as lhe revitalizam as voltas.
Depois, já com um pequeno trilho agora mais definido, seguindo ao lado da Ribeira de Maceira, até encontrar a Casarrota que procurávamos. Abrigo de pastores parece um iglô, mas feito de granito. Por dentro, marcas de terem ardido muitas achas para afastar o imenso frio que ali deve fazer no Inverno e/ou outros animais pouco fiéis aos homens...
Um pouco mais abaixo, uma terceira ponte. Um caminho mal definido depois da ponte deve conduzir à fronteira com Espanha, mesmo ali perto e no cimo, ao alto de Stª Eufémia. Talvez noutra oportunidade tentemos a subida por ali a Stª Eufémia, que dizem tem um vista fantástica.
Era hora de voltar atrás e rever a Torre Grande e as paisagens por onde já tínhamos passado.
O sol já se tinha encoberto, mas a albufeira continuava a expor a sua beleza e a desafiar-nos a contemplá-la demoradamente.
Chegados ao local de partida, tempo ainda para visitar ali, a Porta do Lindoso do PNG. Simpatia a rodos do Drº Nuno e da Joana e muitos mais conhecimentos obtidos do local, levaram-nos a pensar num até já pelo muito que nos falta conhecer.
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